domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria, presente!

A ANEL-Floripa se solidariza com os familiares das vitimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria - RS. Nos manifestamos por entender o momento triste que vive o país e que é fundamental maiores opções de diversão para a juventude e com segurança. Que os governantes se preocupem com o futuro da juventude, isso significa garantir melhores condições de vida, incluindo as formas de diversões. Dizemos aos familiares das vitimas que esses jovens estarão presentes conosco e que continuaremos na luta por um futuro melhor. Santa Maria, presente!



A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS [Fabrício Carpinejar]

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.
As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.


Nota da ANEL: http://www.anelonline.org/?p=1526


sábado, 12 de janeiro de 2013

Nossa História e o Presente, Seja um Estudante Livre!


NOSSA HISTÓRIA

A ANEL foi fundada no Congresso Nacional de Estudantes, que aconteceu na Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre os dias 11 e 14 de Junho de 2009. Sua fundação contou com a participação de cerca de dois mil delegados, eleitos nas escolas e universidades de todo país. Após os debates sobre as necessidades do movimento estudantil, os delegados votaram por ampla maioria a fundação de uma nova entidade nacional, independente, democrática e combativa: a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre!

Os estudantes discutem em seus fóruns os desafios que o movimento estudantil terá que encarar diante de tanto descaso com a educação, corrupção e injustiça social. Sabemos que essas injustiças acontecem em todo canto do país e, por isso, acreditamos ser fundamental organizar os estudantes nacionalmente na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade. A ANEL quer ser um instrumento de luta nas mãos dos estudantes, para que através dela seja possível organizar as mobilizações estudantis nas escolas e universidades!

A ANEL surgiu da necessidade de reorganizar o movimento estudantil, já que a UNE e a UBES há muito tempo não tocam mais as lutas. A UNE, velha entidade hoje é totalmente atrelada ao governo federal, pois recebe milhões de reais do Estado todos os anos. Sem independência financeira e política, ela passou a defender todos os ataques do governo à educação. Hoje, a UNE passou a ser um “ministério estudantil”, que não fala mais em nome dos estudantes. A história de lutas da UNE ficou para trás e, agora, precisamos construir o futuro.

Em 2013 a ANEL realizará seu II Congresso Nacional e completará 4 anos de uma história cheia de lutas. O congresso cumpre um papel fundamental na consolidação da entidade, o espaço dará voz e organizará as lutas dos estudantes lutadores de todo Brasil! Nesse texto você conhecerá os princípios, o funcionamento da entidade e um pouquinho da nossa história. Desde já lhe fazemos um convite venha construir conosco o II Congresso Nacional da ANEL e ser um estudante livre da Assembleia Nacional!

Sonhos Não Envelhecem!

ANEL presente nas lutas…

Desde a sua fundação a ANEL vem construindo diversas lutas, nacionais e internacionais. Impulsionamos a campanha pela retirada das tropas brasileiras do Haiti. Enviamos representante de nossa entidade ao Egito para prestar toda solidariedade dos estudantes brasileiros à Revolução Árabe, assim como também fomos ao Chile e Argentina para apoiar a luta contra a privatização da educação e por qualidade de ensino nesses países.

Junto aos estudantes indignados com a corrupção no senado, participamos do movimento “Fora Sarney”. Estivemos presentes nas mobilizações contra o aumento das tarifas de transporte e lançamos a campanha nacional “Passe-livre Já Brasil”. Construímos, em 2011, de forma unitária com outras entidades sindicais e a CSP-Conlutas, um Plebiscito Nacional em defesa de 10% do PIB pra a educação pública já. Realizamos a campanha pela expansão com qualidade das universidades federais, que estão sendo totalmente sucateadas por meio das metas do REUNI. Na luta pela democratização do acesso às universidades estivemos presentes na luta contra o novo ENEM e pelo livre acesso, pois com o novo ENEM a concorrência é ainda mais agressiva e desigual, o projeto assim como o REUNI avança na precarização das universidades e promove a falsa ideia de democratização no acesso. Para debater esse projeto participamos de um debate com a UNE e a UBES na MTV. Marcamos presença nas lutas contra o aumento de mensalidades e pela estatização das universidades particulares, pois a educação é direito, não pode ser tratada como mercadoria.

Na luta contra as opressões, lançamos uma campanha nacional pela aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122), realizamos beijaços contra a homofobia e lançamos uma cartilha de formação e discussão sobre as mobilizações que movimento LGBTT vem travando na defesa de seus direitos. Construímos uma entidade que não aceita nenhum tipo de opressão e que luta, todos os dias, contra o machismo, a homofobia e racismo nas escolas e universidade do país.

Participamos da construção das lutas dos trabalhadores e apoiamos as suas mobilizações e greves por todo Brasil. Um marco importante da unidade do movimento estudantil com os trabalhadores, foi a participação da ANEL no primeiro congresso da CSP-Conlutas, entidade a qual somos filiados pois defendemos a aliança entre trabalhadores e estudantes.

Recentemente, ajudamos a construir a maior greve unificada da educação dos últimos anos, organizando os Comandos Locais e o Comando Nacional de Greve Estudantil. A greve desafiou o governo Dilma e conquistou inúmeras vitórias, como a abertura de bandejões, aumento no valor de bolsas permanência, reforma de prédios, etc. Através do comprometimento com as lutas, a ANEL vem se consolidando como uma entidade nacional legítima, capaz de organizar os estudantes de forma independente, política e financeiramente, dos governos, com democracia de base e muita disposição para mudar o mundo!
  
O Novo Pede Passagem!

Concepção de entidade que defendemos:

Quando fundamos a ANEL, tínhamos uma tarefa muito importante, a de resgatar os princípios e bandeiras que a UNE deixou de lado quando se aliou ao governo. Os posicionamentos da ANEL e todas as nossas campanhas políticas estão relacionadas diretamente com os princípios que defendemos, eles são nosso 
patrimônio e o que mantém nossa entidade livre e na luta. São eles:

> Independência política dos governos federal e estaduais
O governo federal, bem como os governos estaduais, escolheu governar para os grandes empresários e banqueiros. Enquanto isso, a juventude e a classe trabalhadora sofrem com salários baixos, transporte público caro e ineficiente, e um total descaso com a educação. Diante dessa situação, é uma necessidade sermos totalmente independentes dos governos, pois precisamos defender os interesses comuns dos estudantes e da maioria da sociedade.

> Independência Financeira
Todos os nossos materiais de divulgação, nossas assembleias, congressos, todas as atividades da entidade, são garantidos devido ao grande esforço dos estudantes que constroem a ANEL. Mantemos nossa entidade através de nossas campanhas financeiras. Não aceitamos dinheiro dos governos e nem de empresários. Na sociedade na qual vivemos quem “paga a banda escolhe a música”. Por isso, defendemos nossa independência financeira a todo custo, pois ela é o primeiro passo para a independência política.

> Democracia com o Controle dos Estudantes
Nos fóruns da ANEL todos têm liberdade de expressar suas opiniões e decidir os rumos da entidade. Isso é o que garante que a ANEL reflita em seus fóruns as reais demandas estudantis. Após os debates, todas as propostas vão ao plenário e são votadas pelos delegados eleitos em suas escolas e universidades. Assim, quem controla e dirige a entidade são os estudantes que constroem a ANEL no dia a dia.

> Ação direta
Apostamos na mobilização dos estudantes para conseguir nossas reivindicações. Quando o movimento estudantil se mobiliza, faz manifestações, passeatas, paralisações, ocupações, quando utiliza todo o seu potencial de luta, as autoridades se sentem pressionadas a atender nossas pautas. É importante participar dos conselhos e negociar as reivindicações dos estudantes com a direção das escolas, reitorias e com o governo, mas não podemos esperar sentados enquanto os problemas vão se aprofundando, nem podemos confiar na boa vontade desses senhores. Nossa principal arma é a nossa capacidade de organizar e mobilizar os estudantes.

> Luta Contra as Opressões
‘’A nossa luta é todo dia, contra o machismo, o racismo e a homofobia!’’
As mulheres sofrem com machismo, enfrentam imensas barreiras para conseguir estudar, ter independência financeira e ainda sofrem com a violência doméstica. Os negros e negras têm como herança um passado de escravidão e sofrimento, e um presente de descaso dos governantes e racismo, que continua a castigá-los até a atualidade. Os LGBTTs são vítimas frequentes da intolerância que mata e humilha, pois governo não promove o combate à homofobia e nega direitos básicos a quem só quer respeito e igualdade de direitos. As opressões, ideologias alimentadas pelo capitalismo, servem para nos dividir e diminuir a nossa força. A ANEL acredita que é fundamental reconhecer e lutar contra cada uma delas, unir os oprimidos e explorados para enfrentar e acabar com o preconceito. Por isso, estamos na luta por creches para as jovens estudantes, na defesa das cotas raciais e na luta pela aprovação da PLC 122, que criminaliza a homofobia. Em 2011, realizamos diversos “Beijaços” contra a homofobia e, para protestar contra o veto do governo Dilma ao Kit anti-homofobia, lançamos no último ENUDS uma cartilha contra a homofobia.

> Unidade com a classe trabalhadora
São os trabalhadores que criam todas as riquezas da sociedade, porém sobrevivem com baixos salários e com a sombra do desemprego. Com a crise econômica, a situação ficou ainda pior. A ANEL desde a sua fundação é filiada à CSP-Conlutas. A Central surgiu da necessidade de reorganizar o movimento sindical, mas ela é diferente, pois organiza também o movimento popular, de luta contra as opressões e o movimento estudantil. Por todo o Brasil, estivemos presentes, ao lado da CSP-Conlutas, nas lutas dos trabalhadores, como na luta contra as demissões da GM de São José dos Campos, nas greves dos operários da construção civil, em Belo Monte, na greve dos bombeiros do Rio de Janeiro, na defesa dos moradores do Pinheirinho, entre outras mobilizações. A aliança de trabalhadores e estudantes já deu diversas demonstrações da sua força e, diante de tantos ataques e injustiças sociais, é indispensável. É preciso unir nossas forças para enfrentar o governo. A aliança operária estudantil se faz necessária!

> Internacionalismo
A juventude em todo mundo tem sofrido muito com a crise econômica mundial, que vem causando falta de empregos, má qualidade da educação e péssimos serviços públicos. O modelo de sociedade na qual vivemos, o Capitalismo, não tem mais nada a nos oferecer. A juventude está protagonizando as principais mobilizações no mundo, na Revolução Árabe, na luta contra a privatização da educação no Chile, nas ocupações das praças na Espanha e em Wall Street. Esse é o poder que nós temos de tomar a história nas mãos e mudar o mundo. A ANEL impulsionou a criação de um grupo para articular estudantes de vários países e realizar iniciativas políticas internacionais. Reunimos organizações estudantis de vários países e lançamos um manifesto, denunciando os ataques dos governos e exigindo nosso direito ao futuro. A partir do manifesto, formamos o grupo “Muitos Jovens, Uma Só Luta” para fortalece a solidariedade 
internacional e as ações unitárias de luta.

Funcionamento da Entidade:

A ANEL funciona a partir das Assembleias Nacionais e Estaduais.

Quem vota nas Assembleias Nacionais são delegados eleitos em entidades de base (CAs, DAs e Grêmios) que elegem 2 delegados e entidades gerais (DCEs e Executivas) que elegem 3 delegados e oposições e coletivos estudantis que elegem 1 delegado quando a entidade de base não convocar os estudantes. Dessa forma, a ANEL fica vinculada diretamente e sob controle da base que representa. A Assembleia Nacional deve funcionar pelo menos 1 vez por semestre, e eleger uma Comissão Executiva Nacional que se reúne presencialmente a cada 2 meses, e nos intervalos, virtualmente.

As Assembleias Estaduais possuem autonomia para definir os critérios de votação (voto presencial ou por delegação), bem como a quantidade de delegados que irão representar as entidades e as oposições. As Assembleias Estaduais devem funcionar ao menos 1 vez por semestre e eleger a Comissão Executiva Estadual. As executivas devem funcionar através de Grupos de Trabalho e divisão de tarefas, como comunicação, finanças, combate às opressões, etc.

Para executar as tarefas definidas pela Assembleia Nacional será eleita uma Comissão Executiva Nacional (CEN) de estudantes. Esta Comissão estará subordinada a Assembleia Nacional, sendo seus membros eleitos por esta e podendo ter seus mandatos revogados pela decisão dos delegados da Assembleia Nacional da ANEL, permitindo um controle das entidades de base e dos estudantes que constroem a ANEL no dia-a-dia sobre a Comissão Executiva Nacional da ANEL.

Os Congressos são seus fóruns máximos de deliberação e devem ser realizados a cada 2 anos, sob responsabilidade da CEN, com eleição de delegados em todo o Brasil.

Como construir a ANEL?

> Levar as políticas da ANEL para as escolas e universidades;
Cotidianamente realizamos debates, panfletagens, passagens em sala, dialogando com os nossos colegas sobre os problemas que nos cercam e propondo iniciativas para resolver esses problemas. Construímos as campanhas nacionais e levamos as políticas da ANEL para o nosso local de estudo, Centro Acadêmico do nosso curso, para o DCE, grêmio e coletivos. As entidades de base devem cumprir o papel de mobilizar os estudantes e reivindicar suas pautas, por isso é muito importante que elas tenham um programa que seja comprometido com a luta dos estudantes.

> Contribuir financeiramente com a entidade;
As executivas, Centros Acadêmicos, DCEs, Grêmios e Coletivos que constroem a ANEL, contribuem bimestralmente com a entidade, para que possamos produzir nossos materiais e campanhas, manter nossa independência financeira e política.
Resolução de Finanças:
1- Comissões Executivas Estaduais (CEE’s): Contribuição de uma cota bimestral de no mínimo R$ 100,00 para a Nacional.
2- Entidades do Movimento Estudantil:
- Entidades com arrecadação regular: contribuição semestral de no mínimo 10% da arrecadação global semestral;
- Entidades sem arrecadação regular: contribuição semestral de uma cota de no mínimo R$ 100,00;
- Coletivos, Oposições e minorias na entidade: contribuição semestral de uma cota de no mínimo R$ 50,00.
3- Estudantes:
Contribuição anual individual de RS 10,00 reais, a partir da campanha organizada pela CEN e CEE’s, do cadastro Nacional dos estudantes que querem contribuir, emitindo em retorno uma carteirinha “eu construo a ANEL”. Da arrecadação global em cada Estado o repasse será feito no regime 50% para Nacional e 50% para Estadual.

> Enviar delegados aos fóruns da ANEL e participar das executivas.
Os delegados eleitos nas entidades de base e coletivos tem uma tarefa muito importante, que é a de decidir os rumos da nossa entidade, por isso é fundamental participar dos fóruns. Nos fóruns da ANEL, conseguimos ter uma dimensão enorme dos principais problemas da educação, é nos fóruns que deliberamos as campanhas políticas que serão construídas nas escolas e universidades de todo o Brasil e a partir desses encontros, construímos as lutas e a história do movimento estudantil brasileiro!

UM CHAMADO AO II CONGRESSO DA ANEL!

Entre os dias 30 de maio à 2 de junho de 2013, será realizado o II Congresso Nacional da ANEL. Ele irá reunir estudantes eleitos nas escolas e universidades de todo país e servirá para armar a construção das lutas em cada canto do Brasil! Por isso fazemos um chamado, se você e se indigna com os problemas da educação e de nossa sociedade e quer construir as lutas por uma educação pública, gratuita e de qualidade no seu local de estudo, participe!

Existem estudantes que ainda tem críticas e dúvidas sobre a melhor maneira de reorganizar o movimento estudantil, e queremos que o espaço do congresso sirva para debatê-las e para ser um polo aglutinador das lutas. No congresso as suas opiniões e ideias serão muito bem-vindas!

As tarefas do movimento estudantil demonstram a importância de construir uma entidade nacional realmente comprometida com as lutas, precisamos fortalecer a ANEL e levá-la para todos os cantos Brasil! Participe da construção do II Congresso da ANEL! Conheça nossa entidade e seja um estudante livre da Assembleia Nacional!

Venha construir conosco a mudança que o mundo precisa e fazer história! O novo pede passagem e te convida a vir junto! Seja você um estudante livre da Assembleia Nacional!
http://www.anelonline.org/?p=841

sábado, 5 de janeiro de 2013

Muitos jovens, uma só luta!

   Em vários lugares do mundo, governantes insistem em despejar nas costas da juventude e dos trabalhadores as consequências da crise econômica internacional. A crise econômica, a maior desde 1929, tem se expressado de diferentes formas e em diversos países, afetando com desigualdades todos os continentes. A política do imperialismo é uma verdadeira guerra social contra o povo, atacando as condições de vida e os direitos históricos da juventude e dos trabalhadores. Os “donos do mundo” esperam, dessa forma, aumentar a exploração e, consequentemente, seus lucros, fazendo-nos trabalhar mais e em piores condições.

   Não é sem resistência, porém, que se aplicam estes planos. Os povos do mundo se indignam com os governos que injetaram bilhões de dinheiro público para salvar bancos e empresas, endividando seus Estados. Percebem que, mesmo com a ajuda dos governos, as empresas seguem reduzindo salários e demitindo trabalhadores.

EDUCAÇÃO EM CRISE
   Nesse contexto de crise econômica, a educação é um dos direitos sociais mais atacados. Para garantir o pagamento das dívidas públicas, os governantes cortam verbas públicas da educação, aumentam as taxas, demitem professores, destroem as condições de ensino e trabalho e, finalmente, fecham as instituições de ensino. O desmonte da educação pública e sua progressiva mercantilização fazem parte das diretrizes do imperialismo.

   O centro do recente processo de mercantilização do ensino público tem dois polos.  Em primeiro lugar, a transformação do direito à educação em mais um serviço prestado pelo setor privado, por meio da privatização direta das Instituições de Ensino e da ajuda estatal à expansão do ensino privado. Em segundo lugar, a adaptação da educação pública às necessidades do mercado, com o objetivo de formar meramente mão de obra com pouca qualificação e de subordinar nossa produção científica e intelectual aos interesses das empresas.

ESTUDANTES RESISTEM EM TODO O MUNDO
   No entanto, há um obstáculo aos interesses dos poderosos: os estudantes em luta. Frente às dimensões históricas, seja da crise econômica ou dos ataques à educação, a juventude tem apostado na resistência, com mobilizações, greves, acampamentos, ocupações etc. As lutas dos estudantes pelo direito à educação pública e de qualidade só aumentam ao redor do mundo.

   A resistência surge hoje de todos os lados. Os estudantes de Quebec, em greve desde fevereiro desse ano contra o aumento de 86% das taxas para o ensino superior, organizam mensalmente marchas que levam atrás de si 300.000 participantes. No Chile, já em luta desde 2011 contra os planos neoliberais de ataque à educação, estudantes voltam a organizar marcha em defesa da educação, que contabilizou 120.000 participantes. No dia 07/07, dezenas de milhares, encabeçados pela juventude, foram às ruas do México protestar contra a fraude eleitoral nas últimas eleições. Na Espanha, os estudantes organizam greve junto a professores e funcionários contra os cortes e planos de austeridade. No último dia 10, quando a marcha de mineiros adentrou Madrid, foram recebidos por milhares que cantavam “Madrid Obrero, Apoya a los Mineros”. Desses milhares, muitos rostos jovens eram vistos.

OS ESTUDANTES BRASILEIROS ENTRAM EM CENA
   No Brasil, atravessamos hoje a maior greve da educação dos últimos 10 anos. Professores, funcionários e estudantes lutam por melhores salários, plano de carreira, e melhores condições de trabalho e estudo. Os estudantes apoiam as categorias em greve e levantam as suas demandas específicas. Na raiz desta greve está a luta contra as consequências do ReUni, projeto de expansão precarizada e de adaptação curricular ao  mercado das universidades federais brasileiras. Nossa mobilização também se choca com o novo Plano Nacional da Educação do governo federal, o qual procura tornar os últimos programas educacionais do governo Lula em política de estado para os próximos dez anos.

   O investimento na área de educação, em nosso país, não atinge sequer o patamar de 5% do PIB. Ao mesmo tempo, 47% do Orçamento Federal é destinado ao pagamento dos juros da dívida pública ao sistema financeiro. Nos últimos dois anos, o governo Dilma cortou R$ 5 bilhões da educação, aumentando o caos do ensino público brasileiro. Por isso, os estudantes brasileiros reivindicam 10% do PIB para a educação pública já, além de políticas de permanência estudantil, como moradias, creches, restaurantes universitários, bolsas de estudos etc.

   Os estudantes brasileiros em luta se organizam através de comandos de greve locais e estaduais, além do Comando Nacional de Greve Estudantil, com delegados eleitos pela base em assembleias nas universidades paralisadas, com mandatos revogáveis. Esse comando nacional é a verdadeira direção da greve estudantil, com um funcionamento democrático e com representantes de todo o país. Esta tem sido uma importante experiência para os estudantes no que diz respeito à organização independente e democrática, em unidade com os trabalhadores, como o único caminho possível para derrotar o governo e conquistar as nossas reivindicações.

A ORGANIZAÇÃO PERMANTENTE É UMA NECESSIDADE
   A Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, ANEL, é uma nova entidade que surgiu da luta contra a implementação do ReUni. Em 2007, quando o governo Lula quis implementar o projeto, estudantes do Brasil inteiro ocuparam suas reitorias, alertando a sociedade que estes planos precarizariam as universidades brasileiras. Infelizmente, na época, a entidade nacional histórica dos estudantes, a União Nacional dos Estudantes, UNE, colocou-se ao lado do governo e contra os estudantes, defendendo a aplicação do projeto. Desta traição, os estudantes aprenderam a lição: a necessidade de uma entidade estudantil combativa e independente, que defendesse os estudantes, não o governo.

   A ANEL, fruto das conclusões daquele período, organiza-se exatamente como o Comando Nacional de Greve Estudantil. Delegados eleitos pelas bases se reúnem nos fóruns nacionais e estaduais da entidade e votam seu programa e seu funcionamento, construindo, assim, um instrumento democrático e dinâmico de organização estudantil.

   Desde sua fundação, há três anos, a ANEL batalha por retomar a bandeira da solidariedade internacional entre os estudantes. Sabíamos que uma vitória dos estudantes europeus contra os “Processos de Bologna” seria uma vitória dos estudantes brasileiros contra o ReUni, ambos projetos do Banco Mundial. A cada vitória dos estudantes contra seus governos é uma vitória para os estudantes no mundo todo, porque enfraquece os planos internacionais de ataques à educação e fortalece a nossa disposição de luta, demonstrando que se pode vencer.

   Por isso, logo que fundada, a primeira campanha da ANEL nas universidades e escolas brasileiras foi em solidariedade ao Haiti, sob intervenção de tropas da ONU, chefiadas pelo Brasil, logo após de sofrer um duro terremoto que deixou sob condições ainda mais difíceis a vida de milhares de trabalhadores. Durante estes três anos, mandamos delegações a diversos países em luta, como no caso da Argentina em 2010 e do Chile em 2011. Dá-nos especial orgulho a delegação enviada ao Egito, no auge da Revolução Árabe, para levarmos a nossa solidariedade e estabelecer relações políticas com a juventude egípcia.

   No momento no qual os estudantes brasileiros estão em greve, a ANEL segue batalhando para cercar de solidariedade as lutas internacionais da juventude e a própria greve no Brasil. Foi nesse espírito que participamos com os estudantes quebequenses do protesto contra o primeiro-ministro canadense, em visita ao Brasil durante o Rio+20. O estudante chileno Pedro Quezada, preso após invasão ilegal dos carabineiros ao campus universitário de “Playa Ancha”, foi liberto após campanha internacional da qual a ANEL fez parte. Agora, estamos nos incorporando à campanha em Solidariedade aos mineiros espanhóis de Astúrias, ameaçados pelos cortes do governo Rajoy.

Estudantes de vários países se unem em uma só luta

MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA!
   Atualmente, as mobilizações que despontam no mundo todo comprovam a necessidade de resistência da juventude e o papel de vanguarda dos estudantes nas lutas sociais. O que os poderosos querem nos negar é nosso direito ao futuro. Os governos a serviço dos bancos e das empresas querem nos impor condições de vida e trabalho muito piores das que tiveram nossos pais. Para impedirmos os planos de ação contra os povos do mundo todo, orquestrados pelo imperialismo, precisamos de solidariedade e organização internacionais dos jovens e trabalhadores dos diversos continentes.

   No ano de 2012 demos um pequeno, porém, importante passo nessa direção. Logo após o I Congresso da CSP-CONLUTAS – Central Popular e Sindical, entre os dias 28 e 31 de Maio, em Sumaré-SP, organizou-se o encontro internacional “Muitas Vozes, Uma só luta”. O saldo do encontro foi a construção de um manifesto chamando a realização de um Encontro Internacional de organizações sindicais e populares e independentes, a ser realizado em 2013 em Paris, para avançar nos debates e ações unitárias no movimento de massas.

   Os estudantes presentes na reunião internacional realizaram o encontro “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA” com a presença de organizações estudantis de vários países. Avançamos na compreensão comum dos ataques realizados no mundo todo ao direito à educação e saímos do encontro com o manifesto “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA”, com o compromisso de aprofundar as ações unitárias de luta e solidariedade internacionais.

   Queremos aproveitar o encontro de trabalhadores, com o indicativo para ser realizado na Europa, e organizar um encontro de jovens, que avance na compreensão da realidade e na unidade internacional de nossas lutas, lado a lado com os trabalhadores. Convidamos as organizações estudantis de todos os continentes a fazer parte dessa pequena, mas fundamental, iniciativa de articulação internacional estudantil. Os planos imperialistas colocam à juventude a necessidade de organização internacional. São muitas as diferenças linguísticas, culturais e históricas entre nós. Mas há algo em comum: a vontade e a necessidade de resistir. Por isso, somos MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA!

ASSISTA AO VÍDEO DO ENCONTRO “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA” Muitos jovens, uma só luta!