sábado, 5 de janeiro de 2013

Muitos jovens, uma só luta!

   Em vários lugares do mundo, governantes insistem em despejar nas costas da juventude e dos trabalhadores as consequências da crise econômica internacional. A crise econômica, a maior desde 1929, tem se expressado de diferentes formas e em diversos países, afetando com desigualdades todos os continentes. A política do imperialismo é uma verdadeira guerra social contra o povo, atacando as condições de vida e os direitos históricos da juventude e dos trabalhadores. Os “donos do mundo” esperam, dessa forma, aumentar a exploração e, consequentemente, seus lucros, fazendo-nos trabalhar mais e em piores condições.

   Não é sem resistência, porém, que se aplicam estes planos. Os povos do mundo se indignam com os governos que injetaram bilhões de dinheiro público para salvar bancos e empresas, endividando seus Estados. Percebem que, mesmo com a ajuda dos governos, as empresas seguem reduzindo salários e demitindo trabalhadores.

EDUCAÇÃO EM CRISE
   Nesse contexto de crise econômica, a educação é um dos direitos sociais mais atacados. Para garantir o pagamento das dívidas públicas, os governantes cortam verbas públicas da educação, aumentam as taxas, demitem professores, destroem as condições de ensino e trabalho e, finalmente, fecham as instituições de ensino. O desmonte da educação pública e sua progressiva mercantilização fazem parte das diretrizes do imperialismo.

   O centro do recente processo de mercantilização do ensino público tem dois polos.  Em primeiro lugar, a transformação do direito à educação em mais um serviço prestado pelo setor privado, por meio da privatização direta das Instituições de Ensino e da ajuda estatal à expansão do ensino privado. Em segundo lugar, a adaptação da educação pública às necessidades do mercado, com o objetivo de formar meramente mão de obra com pouca qualificação e de subordinar nossa produção científica e intelectual aos interesses das empresas.

ESTUDANTES RESISTEM EM TODO O MUNDO
   No entanto, há um obstáculo aos interesses dos poderosos: os estudantes em luta. Frente às dimensões históricas, seja da crise econômica ou dos ataques à educação, a juventude tem apostado na resistência, com mobilizações, greves, acampamentos, ocupações etc. As lutas dos estudantes pelo direito à educação pública e de qualidade só aumentam ao redor do mundo.

   A resistência surge hoje de todos os lados. Os estudantes de Quebec, em greve desde fevereiro desse ano contra o aumento de 86% das taxas para o ensino superior, organizam mensalmente marchas que levam atrás de si 300.000 participantes. No Chile, já em luta desde 2011 contra os planos neoliberais de ataque à educação, estudantes voltam a organizar marcha em defesa da educação, que contabilizou 120.000 participantes. No dia 07/07, dezenas de milhares, encabeçados pela juventude, foram às ruas do México protestar contra a fraude eleitoral nas últimas eleições. Na Espanha, os estudantes organizam greve junto a professores e funcionários contra os cortes e planos de austeridade. No último dia 10, quando a marcha de mineiros adentrou Madrid, foram recebidos por milhares que cantavam “Madrid Obrero, Apoya a los Mineros”. Desses milhares, muitos rostos jovens eram vistos.

OS ESTUDANTES BRASILEIROS ENTRAM EM CENA
   No Brasil, atravessamos hoje a maior greve da educação dos últimos 10 anos. Professores, funcionários e estudantes lutam por melhores salários, plano de carreira, e melhores condições de trabalho e estudo. Os estudantes apoiam as categorias em greve e levantam as suas demandas específicas. Na raiz desta greve está a luta contra as consequências do ReUni, projeto de expansão precarizada e de adaptação curricular ao  mercado das universidades federais brasileiras. Nossa mobilização também se choca com o novo Plano Nacional da Educação do governo federal, o qual procura tornar os últimos programas educacionais do governo Lula em política de estado para os próximos dez anos.

   O investimento na área de educação, em nosso país, não atinge sequer o patamar de 5% do PIB. Ao mesmo tempo, 47% do Orçamento Federal é destinado ao pagamento dos juros da dívida pública ao sistema financeiro. Nos últimos dois anos, o governo Dilma cortou R$ 5 bilhões da educação, aumentando o caos do ensino público brasileiro. Por isso, os estudantes brasileiros reivindicam 10% do PIB para a educação pública já, além de políticas de permanência estudantil, como moradias, creches, restaurantes universitários, bolsas de estudos etc.

   Os estudantes brasileiros em luta se organizam através de comandos de greve locais e estaduais, além do Comando Nacional de Greve Estudantil, com delegados eleitos pela base em assembleias nas universidades paralisadas, com mandatos revogáveis. Esse comando nacional é a verdadeira direção da greve estudantil, com um funcionamento democrático e com representantes de todo o país. Esta tem sido uma importante experiência para os estudantes no que diz respeito à organização independente e democrática, em unidade com os trabalhadores, como o único caminho possível para derrotar o governo e conquistar as nossas reivindicações.

A ORGANIZAÇÃO PERMANTENTE É UMA NECESSIDADE
   A Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, ANEL, é uma nova entidade que surgiu da luta contra a implementação do ReUni. Em 2007, quando o governo Lula quis implementar o projeto, estudantes do Brasil inteiro ocuparam suas reitorias, alertando a sociedade que estes planos precarizariam as universidades brasileiras. Infelizmente, na época, a entidade nacional histórica dos estudantes, a União Nacional dos Estudantes, UNE, colocou-se ao lado do governo e contra os estudantes, defendendo a aplicação do projeto. Desta traição, os estudantes aprenderam a lição: a necessidade de uma entidade estudantil combativa e independente, que defendesse os estudantes, não o governo.

   A ANEL, fruto das conclusões daquele período, organiza-se exatamente como o Comando Nacional de Greve Estudantil. Delegados eleitos pelas bases se reúnem nos fóruns nacionais e estaduais da entidade e votam seu programa e seu funcionamento, construindo, assim, um instrumento democrático e dinâmico de organização estudantil.

   Desde sua fundação, há três anos, a ANEL batalha por retomar a bandeira da solidariedade internacional entre os estudantes. Sabíamos que uma vitória dos estudantes europeus contra os “Processos de Bologna” seria uma vitória dos estudantes brasileiros contra o ReUni, ambos projetos do Banco Mundial. A cada vitória dos estudantes contra seus governos é uma vitória para os estudantes no mundo todo, porque enfraquece os planos internacionais de ataques à educação e fortalece a nossa disposição de luta, demonstrando que se pode vencer.

   Por isso, logo que fundada, a primeira campanha da ANEL nas universidades e escolas brasileiras foi em solidariedade ao Haiti, sob intervenção de tropas da ONU, chefiadas pelo Brasil, logo após de sofrer um duro terremoto que deixou sob condições ainda mais difíceis a vida de milhares de trabalhadores. Durante estes três anos, mandamos delegações a diversos países em luta, como no caso da Argentina em 2010 e do Chile em 2011. Dá-nos especial orgulho a delegação enviada ao Egito, no auge da Revolução Árabe, para levarmos a nossa solidariedade e estabelecer relações políticas com a juventude egípcia.

   No momento no qual os estudantes brasileiros estão em greve, a ANEL segue batalhando para cercar de solidariedade as lutas internacionais da juventude e a própria greve no Brasil. Foi nesse espírito que participamos com os estudantes quebequenses do protesto contra o primeiro-ministro canadense, em visita ao Brasil durante o Rio+20. O estudante chileno Pedro Quezada, preso após invasão ilegal dos carabineiros ao campus universitário de “Playa Ancha”, foi liberto após campanha internacional da qual a ANEL fez parte. Agora, estamos nos incorporando à campanha em Solidariedade aos mineiros espanhóis de Astúrias, ameaçados pelos cortes do governo Rajoy.

Estudantes de vários países se unem em uma só luta

MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA!
   Atualmente, as mobilizações que despontam no mundo todo comprovam a necessidade de resistência da juventude e o papel de vanguarda dos estudantes nas lutas sociais. O que os poderosos querem nos negar é nosso direito ao futuro. Os governos a serviço dos bancos e das empresas querem nos impor condições de vida e trabalho muito piores das que tiveram nossos pais. Para impedirmos os planos de ação contra os povos do mundo todo, orquestrados pelo imperialismo, precisamos de solidariedade e organização internacionais dos jovens e trabalhadores dos diversos continentes.

   No ano de 2012 demos um pequeno, porém, importante passo nessa direção. Logo após o I Congresso da CSP-CONLUTAS – Central Popular e Sindical, entre os dias 28 e 31 de Maio, em Sumaré-SP, organizou-se o encontro internacional “Muitas Vozes, Uma só luta”. O saldo do encontro foi a construção de um manifesto chamando a realização de um Encontro Internacional de organizações sindicais e populares e independentes, a ser realizado em 2013 em Paris, para avançar nos debates e ações unitárias no movimento de massas.

   Os estudantes presentes na reunião internacional realizaram o encontro “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA” com a presença de organizações estudantis de vários países. Avançamos na compreensão comum dos ataques realizados no mundo todo ao direito à educação e saímos do encontro com o manifesto “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA”, com o compromisso de aprofundar as ações unitárias de luta e solidariedade internacionais.

   Queremos aproveitar o encontro de trabalhadores, com o indicativo para ser realizado na Europa, e organizar um encontro de jovens, que avance na compreensão da realidade e na unidade internacional de nossas lutas, lado a lado com os trabalhadores. Convidamos as organizações estudantis de todos os continentes a fazer parte dessa pequena, mas fundamental, iniciativa de articulação internacional estudantil. Os planos imperialistas colocam à juventude a necessidade de organização internacional. São muitas as diferenças linguísticas, culturais e históricas entre nós. Mas há algo em comum: a vontade e a necessidade de resistir. Por isso, somos MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA!

ASSISTA AO VÍDEO DO ENCONTRO “MUITOS JOVENS, UMA SÓ LUTA” Muitos jovens, uma só luta!

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