segunda-feira, 4 de março de 2013

8 de março é dia de luta contra o machismo


O machismo, ainda existente em nossa sociedade, violenta, cala e mata muitas mulheres todos os dias. No Brasil, mais de 5 mil mulheres foram estupradas entre Janeiro e Julho de 2012 e a cada duas horas uma mulher é assassinada. A estimativa ainda é de que a cada dois minutos cinco mulheres são vítimas de algum tipo de agressão em nosso país. Neste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, o tema central é a violência contra a mulher.




A violência contra a mulher nos remete à Lei Maria da Penha, criada como uma medida de proteção às mulheres, mas que precisa sair do papel. Hoje, nas cidades, faltam centros de referência, casas abrigo, delegacias de mulheres, juizados especializados e principalmente, faltam recursos. Em 2012, o governo federal cortou 6,3% do orçamento da Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres em relação ao orçamento de 2011, o que evidencia o descaso do governo federal com essa política, mesmo em um país governado por uma mulher. Além disso, recebemos mais ataques. A nova reforma do Código Penal vai na contra mão do combate a crescente violência contra as mulheres em nosso país e pretende garantir mais segurança aos agressores machistas. A retirada do texto que qualifica a violência domestica do atual código penal é uma tentativa de colocar esse tipo de violência nos limites dos crimes de menor porte. Isso, nós não podemos admitir.





Outro caso importante é o da recente descoberta de uma boate em Altamira (próximo aos canteiros de obras de Belo Monte), onde jovens são mantidas em cárcere privado e são sexualmente exploradas. Ele evidencia que muitas de nós, principalmente negras e jovens, têm que enfrentar a prostituição infantil, o tráfico de mulheres e o turismo sexual. Essa é uma realidade que já vem se intensificando no Brasil e ficará ainda pior com a aproximação da Copa do mundo e das Olimpíadas, já que o turismo sexual tem nosso país como principal rota.



A mulher jovem
Dentre toda violência discutida acima, as mulheres jovens são as que mais sofrem. Estima-se que no Brasil, 165 adolescentes ou crianças sofrem abuso sexual por dia e casos de jovens assassinadas são frequentemente transmitidos pela mídia. Quem não se lembra da jovem Eloá, assassinada pelo ex-namorado após mais de 100 horas de sequestro em cárcere privado?



Além disso, vários outros elementos afligem a nós, mulheres jovens. Somos bombardeadas o tempo todo pelas indústrias da moda, do consumo, da academia… Que vendem e obrigam as mulheres a seguirem um padrão de beleza.  Muitas vezes, mulheres que sofrem assédio ou mesmo são violentadas fisicamente, não são consideradas vítimas, e sim culpadas por estarem “provocando” os homens. O direito da mulher sobre o próprio corpo é cerceado a todo momento, seja quando ela não tem direito a escolher qual roupa vestir, seja quando engravida e não tem o direito de escolher entre ter o filho ou fazer o aborto de forma legal e segura.

Na universidade não é diferente

A situação não muda para as mulheres nas Universidades. O aumento absurdo de casos de violência contra a mulher nos ambientes universitários é chocante. Na UFJF por exemplo houve um trote onde as calouras andavam pela universidade com plaquinhas penduradas no pescoço com frases de cunho homofóbico e machista. Além disso, ocorreu ainda nessa universidade um estupro de uma estudante em uma festa de calourada.  Recentemente uma estudante foi espancada em Brasília na UnB por ser lésbica.



São vários casos de trotes machistas espalhados pelo país que comprovam a realidade da opressão às mulheres na Universidade. Na maioria dos campi falta iluminação e guarda feminina. E o pior é que quando acontecem casos como os citados acima, a posição das reitorias não é de apurar os fatos e punir os agressores, mas de cercear o espaço universitário, proibindo confraternizações e limitando quem entre e sai dos campi. Além disso, as universitárias sofrem com vários outros tipos de opressão: não são raros os casos de professores que assediam moral e fisicamente suas alunas e os trotes machistas pipocam no início dos semestres. Isso sem contar que a grande maioria das universidades não possui creche para os filhos das estudantes mães, e as alunas que engravidam são obrigadas a saírem da moradia universitária. Diante disso, como então conseguir se sustentar dentro da universidade?

Todos aqueles que lutam por uma educação de qualidade devem também lutar contra o machismo na universidade. Nesse 8 de março não nos esqueçamos da campanha por creches que entidades do movimento sindical, estudantil e popular tocaram em diversas cidades do Brasil. É tarefa do movimento estudantil reivindicar creches universitárias e a permanência de estudantes grávidas nas moradias. Somente um movimento estudantil feminista pode unificar todas as mulheres estudantes e trabalhadoras para obter conquistas reais na universidade e na sociedade.

A alternativa para as mulheres é o Movimento Mulheres em Luta (MML)

Para alcançar vitórias concretas na universidade e na sociedade, é necessário ampliar a nossa luta e nos organizarmos junto com aqueles que sofrem com as consequências das opressões na sociedade capitalista: os trabalhadores, em especial as trabalhadoras. São as mulheres trabalhadoras quem dependem das políticas do Estado e, consequentemente, as que mais sofrem com seu descaso. Um exemplo claro é a violência doméstica. Uma mulher trabalhadora quando sofre violência doméstica, na maioria das vezes fica impossibilitada de reagir, já que não existem casas abrigo ou creches suficientes para atender a demanda. Então, sem trabalho e sem alternativa, elas acabam tendo que morar e conviver com seu agressor. Já as mulheres ricas possuem amparo social e cultural, podendo reagir e sair de casa quando quiserem. É necessário afirmar que todas as mulheres (ricas e pobres) sofrem opressão advinda do machismo, mas, são as mulheres da classe trabalhadora que sentem na pele o descaso do Estado e tem condições de fazer reivindicações que de fato avance no combate a opressão.



É lamentável que o Governo, longe de governar para todos, faz uma opção de classe: governa para bancos e empresas, não para os trabalhadores e, por consequência, continuam passivos diante de qualquer forma de opressão e exploração. Por isso, só um movimento feminista aliado com o conjunto dos trabalhadores é capaz de unir toda a classe e arrancar dos governos vitórias concretas para as mulheres. E por entender a necessidade de organizar as mulheres trabalhadoras que o MML (Movimento de Mulheres filiado a CSP-Conlutas) organiza mulheres nas fábricas, nos canteiros de obras, nos sindicatos e é por isso que a ANEL constrói o MML para que esse seja também o espaço das mulheres jovens e estudantes que defendem um programa ao lado dos trabalhadores.

É hora de preparar o 8 de março

Neste 8 de Março, a ANEL, junto com o MML, vai para as ruas em diversas cidades do país dizer BASTA À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER e não ao Acordo Coletivo Especial (ACE), que simboliza um ataque aos poucos direitos conquistados pelas mulheres e homens trabalhadores. Com a flexibilização dos direitos dos trabalhadores, os mínimos direitos que as mulheres têm via CLT, como os intervalos para amamentação, podem ser retirados. É hora de construir grandes atos em unidade nas principais capitais do país, marchando ao lado de todas as mulheres que querem lutar contra o machismo e a violência. O movimento estudantil deve estar presente em todos os atos no dia 8 de março, com caravanas e blocos em conjunto com o MML.

8 de março em Florianópolis
Em Florianópolis, na manhã do dia 8, na próxima sexta, às 10h, na esquina democrática, na rua Felipe Schmidt, a ANEL, o MML e a CSP - Conlutas, com outras entidades, realizará uma atividade de propaganda sobre esse dia e a importância de um mundo sem violência contra as mulheres. Compareça! Ajude a construir uma sociedade livre do machismo.

Confirme a presença no evento do Facebook: 8 de Março - Dia Internacional da Mulher

Depois do dia 8, o combate ao machismo continua e tem espaço certo no II congresso da ANEL

Para além do dia 8 de março, a nossa luta é cotidiana. Junto com o MML, vamos organizar intervenções nas universidades, campanhas contra trotes machistas e contra a violência nos campi. Para isso, o II congresso da ANEL será rico em discussões e atividades contra o machismo e será o espaço de organizarmos nacionalmente a intervenção do movimento estudantil na luta contra as opressões.



Rumo ao II congresso!!


Nenhum comentário:

Postar um comentário